Voltar
Institucional Leitura de Mercado

02/12/2021

Distrito: Fintechs dão novo fôlego ao crediário nas compras online

O primeiro pico de investimentos em startups de crédito no Brasil ocorreu em 2017, ano em que essas fintechs levantaram um total de US$ 135,5 milhões

Naiara Albuquerque
Jornalista na VERT Capital

*Este texto é um trecho da newsletter que foi pensada e coordenada em conjunto com a Distrito.me. O conteúdo pode ser acessado na íntegra ao final da publicação.

O primeiro pico de investimentos em startups de crédito no Brasil ocorreu em 2017, ano em que essas fintechs levantaram um total de US$ 135,5 milhões. O segundo pico, muito mais acentuado do que o primeiro, aconteceu em 2019 e se estendeu até 2020, período em que as nossas techs de crédito receberam US$ 299,6 e US$ 345,5 milhões em aportes, respectivamente (gráfico). Provavelmente, esse ‘boom’ de investimentos tem a ver com os debates sobre o open banking no Brasil, que tiveram início em 2018. Com a aproximação da abertura do sistema bancário, os investidores passaram a apostar que as fintechs de crédito seriam capazes de alcançar um número muito maior de clientes em potencial e oferecer a eles um produto irrecusável: dinheiro.

descrição

Fintech trends

No início do último agosto, a empresa de pagamentos Square pagou expressivos US$ 29 bilhões pela Afterpay, startup australiana fundada em 2015 e que abriu o capital para o público logo em 2017. Através de um modelo de negócios conhecido como buy now, pay later (BNPL), a Afterpay cobra uma taxa de varejistas para que eles ofereçam pequenos empréstimos nos pontos de venda, que seus clientes podem pagar em prestações sem juros. Se a solução lembra o nosso tão popular crediário, é porque a Afterpay não fez mais do que trazer esse velho modelo de carnês para o comércio eletrônico. Por incrível que pareça, nos Estados Unidos e em incontáveis outros países, a compra parcelada simplesmente não existe. O máximo que os consumidores americanos conseguem fazer é dividir a fatura do cartão de crédito, mas com juros altos. Pois foi justamente nos Estados Unidos que a After encontrou a sua maior fatia de mercado. Em 2020, dos 8,4 milhões de usuários ativos registrados na plataforma da fintech, cerca de 4,4 milhões eram estadunidenses. Aqui no Brasil, o crediário digital também parece estar virando tendência. Em novembro, a VirtusPay, fintech especializada no parcelamento de compras online, levantou R$ 100 milhões através de títulos de dívida emitidos pela securitizadora VERT Capital. Para Gabriel Lopes, sócio da VERT, a operação mostra o bom momento que as startups de crédito buy now, pay later estão atravessando no país e que a securitização é um caminho alternativo e saudável de financiamento para elas.

A VERT CAPITAL

Em 2016 nasceu a VERT Capital, centrada no atendimento dos setores agrícola e imobiliário. Foi só em 2018, com a regularização e a expansão das fintechs no Brasil, que a techfin também passou a operar como securitizadora na área das finanças. Hoje, a VERT se define como uma empresa de tecnologia especializada em operações estruturadas com foco em securitização, realizando a emissão de debêntures financeiras, CRA, CRI, FIDC, entre outros instrumentos. Por fim, em 2019, e mais uma vez estimulada pela demanda do mercado, a VERT ainda inaugurou uma gestora para prestar serviços a fundos de investimentos. Quem nos falou mais sobre isso foi Gabriel Lopes, head de de Debt Capital Market (DCM) e sócio da VERT Capital. Leia a entrevista com ele abaixo:

Como são elaboradas as estruturas de securitização da VERT para financiar os portfólios de crédito das fintechs?

A VERT sempre procura desenhar a melhor solução financeira para o cliente. E, dentro dessa premissa, buscamos entender as ‘dores’ desses clientes e todos os desafios olhando para o futuro. Nesse sentido, a discussão sobre a escolha de um produto, seja FIDC, debênture ou qualquer outro instrumento, é uma discussão muito secundária. Estamos muito mais focados em entregar uma solução financeira saudável para nossos clientes, que seja sustentável e escalável no longo prazo. Além disso, estamos preocupados em como apresentar essa solução para o mercado de capitais. No final do dia, o principal objetivo é encontrar o denominador comum entre o que o cliente quer, o que ele precisa e o que o mercado de capitais efetivamente busca.

Agora, falando sobre fintechs de uma maneira geral, temos duas verticais. A primeira é focada no cliente, e a segunda no mercado de capitais. Quando somos nós que fazemos a captação, também trazemos mais inputs adicionais, como pensar no desenho de uma estrutura, o nível de subordinação, olhar a fundo o portfólio do cliente, o que ele originou, como foi a performance daquela carteira... para pensar numa solução mais adequada para ele e desenhar o prazo ideal da operação em cima disso, a taxa que será captada no mercado.

Ademais, as fintechs não conseguem ter acesso a um capital nos bancos como têm no mercado de capitais. E acho que isso é muito interessante, porque a estrutura de securitização acaba sendo extremamente agradável para esse nicho. É um capital que tende a se perpetuar com o tempo. E nós fazemos de tudo um pouco aqui dentro. Nosso foco é atender todas as fintechs para construir em conjunto, independentemente do estágio em que ela esteja ou do tipo de setor que atue.

Do que vimos dos últimos meses, é um desenvolvimento expressivo no mercado focado para as fintechs de crédito. Já trabalhamos para estruturar operações de securitização para crédito estudantil, crédito direto ao consumidor (como foi o caso da VirtusPay, com o mercado de buy now, pay later), microcrédito (como foi o caso da RecargaPay), educação básica (com a PraValer), crédito pessoal clean para pessoas físicas no geral, crédito home equity, que fizemos com a Creditas... A gente não tem preferência em relação ao setor.

Entendemos que o mercado de crédito no Brasil é imenso, e as fintechs têm um papel crucial nele. E quando elas encontram respaldo no mercado de capitais para funding e originação desses empréstimos, o resultado é extremamente satisfatório. Impactamos muitas pessoas com o nosso trabalho, e a maneira que conseguimos fazer isso, dentro da VERT, foi com as estruturas de securitização.

descrição
Hashtags: Fintechs, Crediário

Achou esse conteúdo útil?

Confira outras notícias e novidades