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Taxa Selic sobe para 13,25%. O que isso significa para o mercado de securitização?

25/2/2025

A alta da Selic afeta o mercado de renda fixa, e, consequentemente, os títulos de securitização. Entenda como.

Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada no dia 29 de janeiro de 2025, foi decidido elevar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, passando para 13,25% ao ano.

Essa medida tem o objetivo de controlar a inflação, que atualmente está acima da meta estabelecida. Além disso, o Banco Central adota essa postura de cautela diante das incertezas econômicas nos Estados Unidos, que afetam a trajetória da inflação global e geram impactos nos países emergentes, como o Brasil.

O que é a taxa Selic?

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e serve como referência para outras taxas, como as de empréstimos e financiamentos. O Banco Central a utiliza para implementar a política monetária, com o propósito de controlar a inflação e estimular ou desacelerar a economia. Isso é:

  • Quando o Copom aumenta a Selic, a economia desacelera, a inflação tende a cair, e os investimentos em renda fixa oferecem maior remuneração.
  • Quando o Copom diminui a Selic, a economia acelera, a inflação pode subir, e os investimentos em renda fixa rendem menos.

Com a Selic em 13,25% ao ano, os investimentos de renda fixa tornam-se mais atrativos, oferecendo maior rentabilidade e segurança aos investidores.

Impacto da Selic no mercado de securitização

A securitização é um mecanismo do mercado financeiro que transforma ativos, como empréstimos e direitos creditórios, em títulos negociáveis no mercado de capitais. Esses títulos representam dívidas emitidas por instituições privadas e se caracterizam como instrumentos de renda fixa.

Quando relacionamos a Selic com o mercado de securitização, identificamos dois cenários distintos: para as empresas tomadoras de crédito e para os investidores.

Para as empresas que tomam crédito, o aumento da Selic eleva o custo do financiamento, o que pode reduzir a demanda por crédito e, consequentemente, o volume de ativos securitizados.

Já para os investidores, a alta da Selic torna os títulos de renda fixa mais atraentes, incentivando um maior aporte de capital nesse mercado. Assim, a elevação da taxa Selic aumenta o interesse dos investidores pelos títulos de securitização.

Principais títulos de securitização no Brasil

Como mencionado, os títulos de securitização são dívidas transformadas em títulos negociáveis. Por meio deles, as empresas conseguem captar recursos para financiar suas atividades. No Brasil, os instrumentos mais comuns são:

Debêntures: títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos, que pagam juros ao investidor.

CRI: os Certificados de Recebíveis Imobiliários são títulos lastreados em créditos do setor imobiliário, como financiamentos e contratos de aluguel. São isentos de imposto de renda para pessoas físicas.

CRA: os Certificados de Recebíveis do Agronegócio são títulos lastreados em créditos do agronegócio, como financiamentos para cooperativas e operações agrícolas, também isentos de imposto de renda para pessoas físicas.

FIDC: O Fundo de Investimento em Direitos Creditórios é um instrumento de renda fixa que investe em direitos creditórios originados dos recebíveis de empresas de diversos setores.

Nos últimos anos, o mercado de securitização tem apresentado um crescimento expressivo no volume de emissões desses títulos. Confira abaixo essa evolução:

Fonte: ANBIMA

Títulos de securitização são uma boa opção para investidores?

Em resumo, o aumento da taxa Selic torna os títulos de securitização uma alternativa interessante para investidores que buscam segurança e rentabilidade em renda fixa.

Porém, não podemos generalizar esse otimismo para todo o mercado de securitização, pois a Selic pode ter um impacto misto nele. O principal fator de diferenciação é a sua posição dentro do mercado – empresa tomadora de crédito ou investidor –, o que impacta diretamente em seus interesses.

Lembre-se: este artigo tem fins informativos e não constitui recomendação de investimento.

Denis Franco

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