Conheça a nova modalidade de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, seus benefícios, desafios e as oportunidades que estão revolucionando o mercado financeiro brasileiro.
O mercado de crédito brasileiro está passando por uma transformação significativa. Com a entrada em vigor da Lei 15.179/25, que atualiza as regras do empréstimo consignado para trabalhadores do setor privado, surgiu uma nova modalidade de crédito para quem tem carteira assinada. Essa mudança promete facilitar o acesso ao crédito no país.
Agora, milhões de trabalhadores com carteira assinada ganham uma alternativa mais simples e segura para obter empréstimos. Essa evolução foi viabilizada pela Dataprev, que desenvolveu um ecossistema para a simulação, análise e processamento desses créditos através da Carteira de Trabalho Digital (CTPS digital), ampliando tanto as oportunidades para os trabalhadores quanto para o mercado financeiro.
O consignado privado, também chamado de "Crédito do Trabalhador", é um empréstimo com desconto direto na folha de pagamento destinado a trabalhadores com carteira assinada. Ele elimina a necessidade de intermediários, como as empresas, tornando o processo mais simples, rápido e com custos menores.
Está disponível para funcionários com carteira CLT, empregados domésticos e rurais com carteira assinada, e trabalhadores contratados por microempreendedores individuais (MEIs). O valor das parcelas é descontado direto do salário, podendo comprometer até 35% da renda mensal.
Por oferecer a garantia do desconto automático, as taxas de juros costumam ser menores do que em outras opções de crédito. Além disso, o trabalhador pode usar até 10% do saldo do FGTS como garantia ou até 100% da multa rescisória, em caso de demissão durante o pagamento do empréstimo.
Outra vantagem é a portabilidade: o trabalhador pode escolher a instituição financeira que oferecer as melhores condições, como taxas mais baixas, atendimento personalizado ou maior flexibilidade nas parcelas.
A expansão do consignado privado abriu um novo espaço no mercado financeiro brasileiro, atraindo desde bancos tradicionais até fintechs e originadores independentes, todos interessados em participar desse segmento promissor.
Para o sistema financeiro, trata-se de uma oportunidade de diversificar carteiras com ativos de baixo risco e retorno previsível. O desconto em folha reduz bastante as chances de inadimplência, tornando esses ativos atraentes para investidores que buscam estabilidade e rentabilidade consistente.
No mercado de capitais, cresce a demanda por funding (captação de recursos para investimento) através de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e debêntures securitizadas, criando novas alternativas de investimento. Investidores institucionais veem aqui uma combinação interessante entre boa rentabilidade e estabilidade operacional.
Como toda inovação, o consignado privado apresenta desafios que exigem soluções especializadas. O maior deles está na análise de crédito, que agora deve considerar duas variáveis: o perfil do trabalhador e a solidez da empresa empregadora.
Essa avaliação dupla representa uma evolução na gestão de risco, pois é preciso analisar não só a capacidade de pagamento individual, mas também a estabilidade do vínculo empregatício. Empresas com alta rotatividade ou fragilidade financeira representam um risco maior, que deve ser corretamente precificado.
Outro desafio é a definição de processos operacionais junto à Dataprev. É fundamental estabelecer fluxos de dados eficientes, seguros e escaláveis para processar milhões de operações com a confiabilidade exigida pelo mercado.
Além disso, a construção de um histórico para precificação adequada representa um desafio. Sem dados consolidados sobre o comportamento de pagamento, as primeiras operações têm maior grau de incerteza, exigindo abordagens conservadoras que devem se ajustar conforme o mercado amadurece.
A VERT tem se posicionado de forma ativa desde a estruturação das primeiras operações com esse novo lastro, demonstrando capacidade de inovação e visão antecipada das mudanças do mercado.
Atualmente, estamos estruturando três operações para financiar carteiras de crédito consignado privado, que juntas somam cerca de R$ 1 bilhão, utilizando debêntures securitizadas e FIDCs, mostrando nosso compromisso com o crescimento deste segmento.
Nossa experiência em estruturação de FIDCs e debêntures, aliada a relacionamentos sólidos com originadores e fintechs, nos torna um parceiro estratégico para empresas que querem aproveitar as oportunidades do consignado privado. Desenvolvemos soluções personalizadas para atender às necessidades específicas de cada cliente.
Acreditamos que o consignado privado deve seguir trajetória semelhante ao consignado público e ao saque-aniversário do FGTS, passando de um produto de nicho para uma solução consolidada no mercado brasileiro. Essa transformação será gradual, mas os fundamentos já estão bem estabelecidos.
O consignado privado não é apenas uma nova modalidade de crédito, mas uma ferramenta de transformação social e econômica. Ele amplia o acesso a crédito para milhões de trabalhadores, enquanto oferece oportunidades de investimento mais diversificadas e atrativas para o mercado.
O futuro do consignado privado está sendo construído agora, e a VERT tem orgulho de fazer parte dessa história de inovação e mudança no mercado financeiro brasileiro.
O mercado de securitização saiu do nicho e se tornou uma alternativa relevante de financiamento para as empresas.
O mercado de capitais brasileiro acumula R$ 328,4 bilhões no ano, com uma participação relevante dos títulos de securitização.
Natalia Diniz, especialista do time de RI da VERT, participou do evento e compartilha seus destaques sobre o cenário econômico global, a gestão de fundos e o futuro do mercado de capitais no Brasil.
